Não deveríamos ficar surpresos, diz o Pregador, ao ver injustiça e opressão nesta vida. Aqueles que não têm poder estão à mercê daqueles que estão acima deles, pois cada um está preocupado com o seu próprio ganho. No entanto, isso não é suficiente para uma vida boa. Uma pessoa gananciosa muitas vezes perderá tudo na sua busca por ainda mais riqueza, deixando sua família na miséria. Em vez disso, diz o Pregador, devemos aprender a desfrutar o que Deus providenciou, regozijando-nos na vida. Seria melhor estar morto do que estar perpetuamente insatisfeito. No final, todas as pessoas morrerão. Portanto, seria muito melhor aprender o contentamento nesta vida do que ser governado pela ganância.
Aqueles que buscam a riqueza nunca ficam satisfeitos; é muito melhor aprender a se contentar com o que você tem e aproveitar a vida.
GRAÇA
E GENEROSIDADE.
Nesta passagem de Eclesiastes 5 vemos que os dias de nossas vidas e os bens que
possuímos são dádivas de Deus (5:18–19). Estes dons são um sinal da graça comum
de Deus, algo que Ele proporciona a todas as suas criaturas. Como crentes, a
graça de Deus nos salva e provê, permite contentamento e dá um futuro. Também
nos leva a dar graça aos outros com generosidade e exclui a necessidade de
acumular e reter o perdão. À medida que reconhecemos as boas e graciosas
dádivas de Deus para nós, somos capazes de nos alegrar com elas ao dar aos
outros.
A
VELHA E A IDADE POR VIR.
Na era do Antigo Testamento, uma vida longa e
numerosos filhos eram considerados algumas das mais elevadas de todas as
bênçãos terrenas (por exemplo, Gn 15:15; Salmo 127). No entanto, mesmo sendo
boas dádivas de Deus, os dias das nossas vidas e dos nossos filhos ainda são
apenas um vapor. Isso deixa dentro de nós um anseio por uma permanência que não
podemos alcançar aqui e agora. Nossos anseios nos apontam para a promessa de
vida eterna oferecida por Deus através de Cristo (1 João 5:11–12). A vida que
desfrutamos agora e a comunhão que partilhamos com as nossas famílias são
prenúncio da alegria que encontraremos quando vivermos para sempre nos novos
céus e na nova terra (Apocalipse 22).
INJUSTIÇA
SOB O SOL.
Os efeitos da queda estendem-se às relações humanas (Gênesis 4)
e, portanto, num mundo caído, sofremos injustiça e maldade nas mãos de outros
seres humanos. Basta ler o Antigo Testamento, especialmente Juízes, para ver os
humanos repetidamente “fazendo o que é certo aos seus próprios olhos” (Juízes 21:25) em detrimento de outros humanos. Nos Salmos, os clamores do povo
de Deus asseguram-nos que o que torna essa triste realidade tolerável é a
certeza de que Deus julgará tanto os justos como os ímpios – que, em última
análise, a justiça será feita (Sl 10:17-18). Lendo a partir do final,
encontramos esta esperança confirmada quando João pinta o quadro de Deus executando
o julgamento final (Ap 20:11–21:8). Entretanto, porém, vivemos num mundo onde
temos de suportar muitas injustiças (João 16:33), e o Pregador em Eclesiastes
fala sobre esta realidade.
Ganância
e contentamento.
O Pregador observa a natureza destrutiva da ganância e conclui
que o contentamento é uma característica chave da vida piedosa neste mundo (Fp 4:11; 1 Tm 6:6, 8; Hb 13:5). De volta ao jardim, Adão e Eva tinham tudo de
que precisavam, mas foram expulsos porque escolheram comer da única árvore que
era proibida. A partir daí, o desejo de mais assombrou o Antigo Testamento.
Especialmente na vida de Israel, o teste que lhes foi proposto era se ficariam
satisfeitos com as boas dádivas e limites dados por Deus ou se buscariam
realização em outro lugar. No Novo Testamento, Jesus advertiu sobre o engano
das riquezas (Mateus 6:24; 13:22; Lucas 12:15) e a futilidade da ganância
(Mateus 19:24; Lucas 12:16–20). Além disso, ele nos admoestou a sermos
“ricos para com Deus” (Lucas 12:21), a buscarmos primeiro o seu reino (Lucas
12:31) e a confiarmos e agradecermos a Deus pela provisão (Mateus 6:19–33).
Seguindo Jesus (1 Timóteo 6:3), Paulo fala dos perigos condenáveis do amor ao
dinheiro (v. 10) e da incerteza das riquezas, e exorta os cristãos ricos a
“fixarem as suas esperanças... em Deus, que ricamente nos proporciona tudo o
que podemos desfrutar” (v. 17).
ALEGRIA
E JULGAMENTO.
Comum em todas as Escrituras é o tema da alegria e do regozijo.
Embora não seja mencionada diretamente em Gênesis 1–11, a alegria é uma
resposta implícita da parte dos humanos ao mundo bom que Deus lhes deu
originalmente. Nas festas estabelecidas para Israel no Pentateuco, vemos a
necessidade contínua de regozijar-se e mostrar gratidão pelas provisões de Deus
(por exemplo, Dt 12:7). Aqui em Eclesiastes 5:18-20, vemos o tema continuar, e
Jeremias o retoma mais tarde, proclamando um tempo futuro de alegria para
aqueles que estão de luto (Jeremias 31:13). No Novo Testamento, Maria se alegra
em Deus antes de Jesus nascer (Lucas 1:46–55), e em uma das parábolas de Jesus
que retrata mais claramente o evangelho, um pai se alegra com o retorno de seu
filho pródigo para casa (Lucas 15:11-32). Apocalipse 19:7 completa o quadro
bíblico, antecipando a ceia das bodas do Cordeiro que ainda está por vir.
PROVIDÊNCIA
DE DEUS.
A providência de Deus é a sua atividade contínua e muitas vezes
invisível na sustentação do universo. De modo geral, Deus sustenta a ordem
criada, como prometeu a Noé após o dilúvio (Gn 8:22). Ao fazer isso, ele mantém
todas as coisas unidas e controla os elementos (Jó 37:1-17; Salmos 147:8;
Neemias 9:6; Isaias 40:26; Mateus 5:45; Atos 17:25- 28; Colossenses 1:17; Por
causa de sua providência em sustentar a ordem criada, toda a vida depende, em
última análise, de Deus (Jó 1:21; Sal. 127:3; Eclesiastes 3:2; 9:9; Ezequiel
24:16; Dan. 5:26); Mateus 4:4; Num sentido particular, Deus concentra a sua
providência no sustento das suas criaturas (Jó 38:39-41; Salmos 145:15-16;
Lucas 12:6-7; Atos 14:17; 1 Timóteo 6:17). Porque Deus provê para nós, nossa
resposta é confiar nele e encontrar nosso contentamento.
GRAÇA
COMUM.
Muitos cristãos tendem a pensar na graça apenas em termos dos movimentos
de Deus em nossa direção para a nossa salvação. Na verdade, vemos a graça de
Deus supremamente na cruz de Cristo e na doação do seu Espírito Santo aos
crentes. No entanto, isso não é tudo que existe para a graça. Muito parecido
com a revelação geral e especial de Deus, podemos falar da graça geral (ou
comum) e especial de Deus. A graça comum de Deus está disponível a todos à
medida que ele dá à humanidade bênçãos que vão além daquelas relacionadas com a
salvação. De uma perspectiva cristã, a provisão física (Mateus 5:44–45; Atos
14:16–17), a ciência e as inovações tecnológicas, os sistemas jurídicos
(Romanos 2:14–15), as artes (Êxodo 31:1– 16), e até mesmo o crescimento e
desenvolvimento da sociedade humana (Gn 5.4, 9.6; Rm 13.1-4) em geral são todos
sinais da graça comum de Deus. A graça comum é, em última análise, uma
demonstração da bondade e misericórdia de Deus que lhe traz glória ao governar
e prover às suas criaturas humanas.
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