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Cristo Está Perto - Andrei Bodko |
"Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor!"
Romanos 7:24-25
Hoje quero refletir com quem acompanha esse blog sobre as angústias mais profundas do coração humano. Aquelas que nenhum discurso motivacional resolve, aquelas que se escondem atrás dos sorrisos, e que todos nós, cedo ou tarde, enfrentamos.
No século
XIX, um homem chamado Fiódor Dostoiévski, escritor russo, esteve diante
do pelotão de fuzilamento. Preso por suas ideias contra o governo, vendado e
com a morte anunciada, ele apenas declarou:
“Estaremos com Cristo.”
Mas, no último instante, sua sentença foi suspensa e ele foi enviado ao cárcere. Essa experiência mudou sua vida e sua visão sobre a humanidade, sobre Deus, e sobre a salvação.
Dostoiévski então dedicou sua obra literária a discutir os grandes temas da existência: culpa, pecado, livre-arbítrio, redenção e Cristo. E são esses temas que também estão presentes em nossa fé cristã e na Palavra de Deus.
Quero convidar você a caminhar comigo hoje por quatro reflexões que unem literatura, filosofia e Bíblia — para que possamos, como disse Paulo, entender o quão miserável é o homem sem Deus e o quanto há redenção em Cristo.
1. O Homem e Sua Culpa
Em sua obra Crime e Castigo, Dostoiévski apresenta Raskólnikov, um jovem estudante que acredita ser superior às leis morais comuns. Ele comete um assassinato e tenta justificar o ato com argumentos intelectuais. Mas, após o crime, é consumido pela culpa.
Dostoiévski mostra que o maior castigo não vem de fora — mas da própria consciência.
A Palavra de
Deus confirma isso:
"Eles mostram que as exigências da lei estão
escritas em seus corações, e a sua consciência também dá testemunho, e os seus
pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os."
Romanos 2:15
Todos nós, carregamos essa lei moral impressa no coração. Podemos tentar calá-la, racionalizá-la ou ignorá-la — mas ela está lá. O pecado não é só uma transgressão contra regras, mas uma ferida existencial. Sem Deus, a culpa devora o homem por dentro.
Dostoiévski
viveu isso. Em seus próprios pecados, vícios e crises. Em carta a seu amigo
Apollon Maikov, já no cárcere na Sibéria ele escreveu:
“Eu bebi,
joguei e me perdi em paixões. Sofri muito, e Deus permitiu que eu descesse ao
fundo para que aprendesse a olhar para o alto.” E nós, se formos sinceros, sabemos
que há culpas que só Cristo pode limpar.
2. A Redenção Que Vem Pelo Amor
No mesmo Crime e Castigo, aparece Sônia Marmieládova, uma jovem que, mesmo vivendo na prostituição para sustentar a família, mantém sua fé em Cristo.
Ela representa a figura cristã que ama o pecador e não desiste dele.
Sônia lê
para Raskólnikov a história da ressurreição de Lázaro, dizendo:
"Se Lázaro saiu do túmulo, você também pode sair dessa morte
interior."
E é assim que a redenção acontece, não pelo rigor da lei ou pela força da moral, mas pelo amor compassivo que aponta para Cristo.
"Lázaro, vem para fora!" E o morto saiu."
João 11:43-44
A redenção
de Deus é capaz de ressuscitar não apenas os mortos no túmulo, mas os vivos
mortos de alma.
Dostoiévski acreditava nisso, e a Bíblia ensina:
"Mas onde o pecado abundou, superabundou a graça."
Romanos 5:20
Não importa
o quão fundo alguém tenha caído — o amor de Deus sempre alcança.
3. A Liberdade Que Assusta
Em Os Irmãos Karamázov, há um dos textos mais profundos da história da literatura: O Grande Inquisidor.
Ali, Dostoiévski imagina que Cristo voltasse à Terra, e fosse preso pela
Inquisição.
O inquisidor o acusa de dar liberdade demais aos homens e diz que a humanidade
prefere a segurança e o pão à liberdade moral.
Aqui, Dostoiévski denuncia a tendência humana de trocar a liberdade pela escravidão confortável. De fugir da responsabilidade moral e culpar o outro, o sistema ou até Deus.
Mas Cristo não nos chama para sermos escravos, e sim livres.
" Foi para a liberdade que Cristo nos
libertou.
Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de
escravidão."
Gálatas 5:1
Dostoiévski
entendia que o problema do mundo não está na liberdade em si, mas no coração
humano que, sem Deus, usa a liberdade para autodestruição.
4. O Cristo Que Salva
No livro O
Idiota, o príncipe Míchkin é a representação viva de Cristo em meio
à sociedade moderna. Puro, compassivo, misericordioso. E, justamente por isso,
visto como um idiota.
As pessoas
não suportam a pureza. Preferem a mediocridade confortável. Assim também foi
com Cristo.
"Era desprezado e rejeitado pelos homens; homem de dores, e
experimentado no sofrimento."
Isaías 53:3
Dostoiévski
nos lembra que o verdadeiro cristão sempre causará incômodo, porque seu amor,
sua bondade e sua pureza expõem as sombras ao redor.
Mas é esse
Cristo, desprezado e crucificado, que salva.
"Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por Ele."
João 3:16
Dostoiévski entendeu, como Paulo, que o homem é miserável por natureza, culpado, escravizado por si mesmo — mas há redenção.
E essa redenção não está nas filosofias, nos sistemas políticos ou nas crenças humanas, mas em Jesus Cristo.
Cristo é a única resposta para a tragédia humana.
Como ele
escreveu: "A beleza salvará o mundo."
E essa beleza é a beleza moral, espiritual e redentora de Cristo.
Que hoje, principalmente sendo pascoa, possamos reconhecer nossa miséria sem Ele, e abraçar a liberdade, o amor e a
redenção que só o Evangelho oferece.
"Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Graças a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor!"
Romanos 7:24-25
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