O moralismo opressivo dos fanáticos políticos seculares

 

Disse Deepak Chopra certa vez: “Deus deu ao homem a verdade. Então o Diabo apareceu e disse: ‘Ei, vamos organizá-la e chamar de religião’.” A versão para-choque de carro é mais crua: “Senhor, livra-me dos teus seguidores.” Mas não são apenas os religiosos que se tornam fanáticos. Há também os seculares. Sem um centro espiritual, muitos carregam um vazio clamando por preenchimento. Assim, conforme a religião tradicional definha, cresce o fervor político especialmente em movimentos que querem salvar o mundo em nome da “mudança climática”, da “equidade” e da “justiça social.”

Para esses novos crentes, a política é religião, a ideologia é fé, o partido é igreja, e as eleições são o Natal e a Páscoa. Como qualquer zelote, estão convencidos de possuir o monopólio da verdade e se lançam a convertê-la em ordem social, aconteça o que acontecer.

A história mostra: fanáticos políticos seculares foram mais destrutivos do que os religiosos, pois não tinham Regra de Ouro, Dez Mandamentos nem o temor de um Deus julgador para contê-los. Querem erguer o paraíso aqui e agora, já que acreditam que nada existe além deste mundo. Daí sua pressa intransigente em remodelar a sociedade de imediato.

O resultado foi devastador. Sem a humildade que a fé costuma impor, criaram ditaduras totalitárias em que o partido-Estado funcionava como uma igreja secular, regulando cada detalhe da vida. Inspirados pelos jacobinos da Revolução Francesa e seu sonho de uma “república da virtude”, os comunistas do século XX buscaram forjar um “novo homem revolucionário.” Assim, marxistas da Rússia à China, do Vietnã a Cuba, criminalizaram toda conduta religiosa, política, social e até pessoal considerada “ideologicamente incorreta.”

Um bolchevique pediu a Stalin a execução de um grupo porque “eles não têm fé [comunista].” Já Hitler, nazista estridentemente secular, declarou: “Quem interpreta o Nacional-Socialismo apenas como política não entende nada. É mais que religião; é a determinação de criar um novo homem.”

O número de mortos desses regimes sem Deus supera em muito, e em pouco tempo, todas as guerras e perseguições religiosas da história. Para os puritanos políticos ateus, perdão e tolerância podem ser pecados mortais.

Desde os anos 1980, à medida que os EUA se tornaram mais secular, explodiram pelo mundo códigos de “discurso de ódio” em universidades (onde muitos alunos já não podiam discutir nada controverso), proibições estatais até contra fumar em propriedade privada, impostos sufocantes (a Bíblia dizia que 10% bastava), leis de controle de armas, censura nas redes sociais e até decretos que proibiam ir à igreja durante o pânico da Covid. E ainda há os que desejam regular refrigerantes, comidas gordurosas e até a temperatura dos nossos termostatos.

Os novos moralistas do Estado
Como pregadores intrometidos, esses idealistas seculares juram que só querem nos proteger de nós mesmos. Mas recorrem ao Estado para impor sua visão de mundo com muito mais fervor do que a maioria dos religiosos. Seus mantras são “segurança”, “saúde pública” e “proteção ambiental.” C.S. Lewis descreveu bem esse tipo:

“De todas as tiranias, a mais opressiva é a exercida sinceramente para o bem das vítimas. Melhor viver sob barões ladrões do que sob tiranos morais onipotentes. A crueldade do barão pode descansar, sua cobiça pode se saciar; já os que nos atormentam para o nosso bem nunca cessarão, pois o fazem com a aprovação da própria consciência.”

Há também uma arrogância intelectual comum entre seculares: “a ciência prova, eu acredito, e está resolvido.” Muitos darwinistas, por exemplo, lembram teocratas em sua fúria contra qualquer menção a teorias alternativas nas escolas. Não percebem o próprio fanatismo.

Boa parte dos ativistas políticos parece viver de raiva, em eterna cruzada para controlar palavras e gestos alheios. A ironia orwelliana é que são justamente os “woke”, defensores barulhentos da diversidade e da tolerância, que mais pregam contra o “ódio.” Mas nenhum partido, líder ou governo é capaz de preencher o vazio existencial. Como escreveu o místico persa Rumi: “Ontem eu era inteligente e queria mudar o mundo. Hoje sou sábio e mudo a mim mesmo.” Só cada um pode encontrar a chave para destravar seu próprio potencial.

Crentes, em geral, não se deixam aprisionar tanto pela política: suas válvulas emocionais são família, igreja ou sinagoga. Se preocupam mais com a própria salvação, deixando o resto nas mãos de Deus. Já muitos seculares parecem obcecados em salvar o mundo à força. O que precisam, na verdade, é resolver os próprios problemas em suas comunidades, em vez de ditar a vida alheia. No fim, todos nós ganharíamos com mais humildade e tolerância.

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